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sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Resenha

Resenha
A resenha é uma espécie de resumo, de síntese de um objeto, o qual pode ser
um acontecimento qualquer da realidade (jogo de futebol ou outro esporte, exposição
de arte, peça de teatro, uma feira de produtos, uma comemoração solene etc.) ou
textos e obras culturais (filme, livro, capítulo de livro, peça de teatro etc.), com o
objetivo de passar informações ao leitor/ouvinte/assistente.
Resenhar significa destacar as propriedades de um objeto, mencionar seus
aspectos mais importantes, descrever as circunstâncias que o envolvem, sempre de
acordo com uma intenção/finalidade previamente definida pelo resenhador (FIORIN;
SAVIOLI, 1990). Normalmente, a resenha é utilizada na mídia (jornais e revistas,
tanto em papel como online, e na televisão), quando recebe o nome de ‘crítica’, ou
não recebe nome algum; na Academia (estabelecimento de educação superior), ela é
denominada de ‘resenha’ mesmo (MACHADO, 2007).
Ao lhe ser solicitada a tarefa de fazer um desses trabalhos de aula, você deverá se
informar com o seu professor sobre qual tipo é o desejado e se há alguma particularidade
a ser observada.
A resenha pode ser elaborada sem crítica (só como resumo) ou com crítica
(resumo e comentário).

 Resenha-resumo

A resenha-resumo é um texto que sintetiza o objeto a ser resenhado, sem
julgamento de valor, sem crítica ou apreciação do resenhador; trata-se de um texto
informativo, descritivo, que apenas resume as informações básicas para conhecimento
do leitor/ouvinte/assistente.
Por exemplo, se for resenha-resumo de um livro, sugere-se esta estrutura para
a apresentação do trabalho:
a) folha de rosto, para a identificação do estudante resenhador e dados gerais
do trabalho, se este for entregue ao professor.
b) em outra página, o texto da resenha em si, composta das seguintes partes,
sem mudar de página a cada uma delas:
– título (diferente do título da obra resenhada);
– referência dos dados da obra: autor, título, editora, local de publicação,
número de páginas, preço do exemplar etc. Esses dados podem ser apresentados
separadamente do texto (conforme exemplo seguinte), ou dentro de um parágrafo do
texto;
– alguns dados biobibliográficos do autor do livro resenhado: dizer algo sobre
quem é o autor, o que ele já publicou etc.;
– resumo do conteúdo da obra: indicação breve do assunto tratado e do ponto de
vista adotado pelo autor (perspectiva teórica, gênero, método, tom etc.) e resumo dos
pontos essenciais do texto e seu desenvolvimento geral.

Exemplo de resenha-resumo de um livro 1:

O direito como teoria separada de outras ciências sociais

KELSEN, Hans. Teoria pura do Direito. São Paulo: Martins Fontes, 1985.

A obra – Esta obra, tradução de João Baptista Machado, é o resultado da segunda
edição alemã (a primeira é de 1934), publicada em Viena em 1960, composta de oito
capítulos: direito e natureza; direito e moral; direito e ciência; estática jurídica; dinâmica
jurídica; direito e estado; o estado e o direito internacional; a interpretação, todos com
subdivisões, num total de 378 páginas.

O autor – Hans Kelsen nasceu em Praga, cidade pertencente ao então Império Áustrohúngaro,
cuja capital era Viena, em 11 de outubro de 1881, e faleceu em Berkeley,
EUA, em 19 de abril de 1973. Em 1911 publicou sua primeira tese. Foi professor de Filosofia
do Direito e Direito Público na Universidade de Viena, tendo fundado o grupo de estudos “A
Escola de Viena” - uma doutrina pura do direito. Ensinou em diversas outras universidades,
na Alemanha, Suíça, Estados Unidos. Além disso, foi constitucionalista e atuou como juiz
e relator permanente do Tribunal Constitucional da Áustria. Possui obras traduzidas em
vários idiomas, sendo as principais “Teoria Pura do Direito” e “Teoria Geral das Normas”.

Resumo – A obra trata da descrição de uma teoria jurídica pura, utilizando-se de uma
pureza metodológica capaz de isolar o estudo do direito do estudo das outras ciências
sociais (história, economia, psicologia etc.), descrição essa isenta de ideologias políticas
e de elementos de ciência natural: “Isso quer dizer que ela [teoria pura do Direito]
pretende libertar a ciência jurídica de todos os elementos que lhe são estranhos. Esse
é o seu princípio metodológico fundamental” (p.1). Sua concepção lógico-normativista
rejeita o direito natural, os juízos de valor, os critérios de justiça, as considerações de
ordem axiológica, pretendendo determinar o direito que é, e não o que deveria ser.
Analisa o objeto do Direito como (a) ordens de conduta humana, sendo ‘ordem’
tida como um sistema de normas cuja unidade é constituída pelo fato de todas elas
terem o mesmo fundamento de validade, ou seja, a norma fundamental, e como
(b) ordem coativa, no sentido de que ela reage contra as situações consideradas
indesejáveis, por serem socialmente perniciosas.
[...]
O mestre austríaco constrói o sistema jurídico alicerçado no critério de validade das
normas jurídicas. Ao indagar sobre o fundamento de validez de uma norma, responde
que deve ser dada como resposta outra norma, formando-se, assim, uma hierarquia,
uma estrutura escalonada de normas, em cujo ápice estaria a norma fundamental,
a qual não pertence ao direito positivo. No topo desta hierarquia de normas, dando
validade a todo o sistema jurídico, está uma norma fictícia, um produto do pensamento:
[...] o fundamento de validade de uma outra norma é, em face desta, uma norma
superior. Mas a indagação do fundamento de validade de uma norma não pode, tal
como a investigação da causa de um determinado efeito, perder-se no interminável.
Tem de terminar numa norma que se pressupõe como a última e a mais elevada.
Como norma mais elevada, ela tem de ser pressuposta, visto que não pode ser posta
por uma autoridade, cuja competência teria de se fundar numa norma ainda mais
elevada. [...] Uma tal norma, pressuposta como a mais elevada, será aqui designada
como norma fundamental (Grundnorm) (p. 206-207).
[...]
Para finalizar sua obra, Kelsen trabalha a questão da interpretação, dizendo que
“a interpretação científica é pura determinação cognoscitiva do sentido das normas
jurídicas” (p. 370), que estabelece as possíveis significações de uma norma jurídica,
repudiando a jurisprudência dos conceitos e alegando ser incapaz de preencher
as lacunas do Direito, já que isto é função criadora de Direito que apenas pode ser
realizada por um órgão aplicador do Direito. Defende a ideia de que, tendo em vista
a plurissignificação da maioria das normas jurídicas, o ideal da ficção de que uma
norma jurídica apenas permite uma só interpretação, a interpretação ‘correta’, somente
é realizável de forma aproximativa.

 Resenha crítica

A resenha crítica é um resumo comentado, uma apreciação crítica sobre
determinada obra/fato, ou seja, além de fazer o resumo, acrescenta-se uma avaliação,
julgamento(s) de valor, apreciação, crítica. Quanto à extensão, as resenhas, por suas
características especiais, não estão sujeitas a limite de palavras: você deverá verificar
a finalidade do trabalho e o espaço em que ela será utilizada, pois se for, por exemplo,
publicada em jornais/revistas, o periódico orienta sobre o número máximo de linhas.

Estrutura da resenha crítica

Quanto à sua estrutura, por exemplo, se for uma resenha crítica de livro ou
similar, sugere-se esta para a apresentação do trabalho:
a) folha de rosto, para a identificação do estudante resenhador e dados gerais
do trabalho, se este for entregue ao professor. Ver item 1.5;
b) em outra página, a resenha em si, composta das seguintes partes, sem mudar
de página a cada uma delas (se for resenha de pouca extensão, a critério do professor
da tarefa):
– título (diferente do título da obra resenhada);
– referência dos dados da obra: autor, título, editora, local de publicação,
número de páginas, preço do exemplar etc.;
– alguns dados biobibliográficos do autor da obra resenhada: dizer algo sobre
quem é o autor, o que ele já publicou etc.;
– resumo do conteúdo da obra: indicação breve do assunto tratado e do ponto
de vista adotado pelo autor (perspectiva teórica, gênero, método, tom etc.) e resumo
dos pontos essenciais do texto e seu desenvolvimento geral;
– avaliação crítica: comentários, julgamentos, juízos de valor do resenhador
sobre as ideias do autor, o valor da obra etc.;
– referências (só se for um trabalho de maior extensão, em que houver a
utilização de outras obras para complementar o estudo crítico).

Exemplo de resenha crítica curta referente a um filme²:

Um elefante que incomoda muita gente

Horton e o Mundo dos Quem (Horton Hears a Who!, Estados Unidos, 2008. Estréia
nesta sexta-feira) – Juntar novamente Jim Carrey e a obra do autor infantil Dr. Seuss
(1904-1991) parece, à primeira vista, uma temeridade – como quem viu o insuportável
O Grinch não consegue esquecer. Mas, graças à criatividade do ateliê Blue Sky, de
Robôs, e da série A Era do Gelo, o saldo aqui é encantador. Carrey empresta sua
voz ao expansivo elefante Horton, que incomoda muita gente quando cisma que,
num pequeno grão de pólen que passou voando perto dele, existe todo um mundo
habitado por pessoas minúsculas. Perseguido por uma canguru reacionária e pela
massa que ela manobra, Horton ainda assim insiste na sua teoria. Não só prova
que ela é verdadeira, como, com a ajuda do prefeito do pequeno mundo dos Quem
(com a voz excelente de Steve Carell), enfrenta perigos terríveis para conduzir o
grãozinho até um lugar seguro. O enredo é perfeito para o time da Blue Sky, cujos
maiores atributos são o humor com um quê de absurdo (o traço marcante das rimas
de Dr. Seuss, preservadas na narração) e o talento para sequências de ação que são
verdadeiros delírios da causa e efeito.
Radiohead: sucesso da internet, agora nas lojas
In Rainbows, Radiohead (Flamil) – O novo disco do quinteto inglês tornou-se um
fenômeno do mercado por causa de sua estratégia de lançamento – em outubro do ano
passado, ele estava disponível para download, pelo preço que o fã achasse justo (estimase
que um milhão de pessoas tenha baixado o álbum). Neste ano, In Rainbows chegou
às lojas de discos e também teve bons resultados, alcançando os primeiros lugares
nas paradas dos Estados Unidos e da Inglaterra. Muito mais do que a uma estratégia
de marketing, o êxito de In Rainbows se deve à excelência musical do Radiohead. O
quinteto capitaneado pelo guitarrista e vocalista Thom Yorke e pelo guitarrista Jonny
Greenwood sabe como poucos misturar rock, música clássica, eletrônica e experimental.
As faixas Bodysnatchers e House of Cards são ótimos exemplos dessa mistura.

Exemplo de resenha crítica curta referente a um disco musical³:

Radiohead: sucesso da internet, agora nas lojas

In Rainbows, Radiohead (Flamil) – O novo disco do quinteto inglês tornou-se um
fenômeno do mercado por causa de sua estratégia de lançamento – em outubro do ano
passado, ele estava disponível para download, pelo preço que o fã achasse justo (estimase
que um milhão de pessoas tenha baixado o álbum). Neste ano, In Rainbows chegou
às lojas de discos e também teve bons resultados, alcançando os primeiros lugares
nas paradas dos Estados Unidos e da Inglaterra. Muito mais do que a uma estratégia
de marketing, o êxito de In Rainbows se deve à excelência musical do Radiohead. O
quinteto capitaneado pelo guitarrista e vocalista Thom Yorke e pelo guitarrista Jonny
Greenwood sabe como poucos misturar rock, música clássica, eletrônica e experimental.

As faixas Bodysnatchers e House of Cards são ótimos exemplos dessa mistura.

Outra forma de analisar a estrutura da resenha crítica

Dito de outra forma, a resenha terá introdução, desenvolvimento e conclusão,
sem aparecerem esses títulos no trabalho, mas é a sequência do texto que vai revelar
essas partes.
A introdução é breve. Nela se procura identificar o objeto que está sendo
resenhado e contextualizar o assunto de que ele trata. Por exemplo, se for resenha de
um livro, na introdução mencionar seus dados básicos: autor, título, editora, local de
publicação, número de páginas, preço do exemplar etc., discutindo-se a importância
do assunto, a fim de o leitor, a quem será entregue o trabalho, ficar localizado no
tempo e no espaço.
Exemplo de um parágrafo de introdução de uma resenha crítica de um livro, em
que a referência dos dados da obra aparece descrita no interior do próprio parágrafo4:
O desenvolvimento consiste em um resumo com crítica aberta, em
que se apresentam as ideias principais do autor, concatenando-as e ordenando-as.
Sempre um parágrafo, ou uma frase, deve ser relacionado com o que vem antes e
depois. Como é um resumo com crítica, você, ao mesmo tempo em que resume a
obra, já vai expondo sua opinião, já vai emitindo seu julgamento, mostrando os
pontos falhos, destacando os pontos válidos, confirmando com exemplos de outros
autores os argumentos apresentados, apontando causas e efeitos concordantes e/ou
discordantes, comparando o livro em análise com outras obras lidas, com outros
autores etc.

 A TECNOLOGIA SERÁ INVISÍVEL

Um dos fenômenos que marcaram os últimos anos do século 20 foi a
democratização da tecnologia. Durante décadas, apenas as grandes corporações
podiam manter uma estrutura própria de equipamentos caros e poderosos. A
miniaturização e o barateamento de componentes permitiram mais tarde que os
computadores passassem a fazer parte da vida cotidiana no trabalho e nas casas. O
mundo da tecnologia, porém, está às vésperas de uma nova e profunda transformação.
Em um futuro próximo, tudo o que acontece dentro do computador – desde o
processamento até o armazenamento de informações – deve migrar para a internet.
[...] Os contornos dessa transformação – mais profunda do que parece à primeira vista
– são delineados na obra The Big Switch: Rewiring the World, from Edison to Google
(“A grande virada: reconectando o mundo, de Edison ao Google”, em tradução livre e
ainda sem previsão de lançamento no Brasil), escrita pelo especialista em tecnologia
e ex-editor da revista Harvard Business Review Nicholas Carr. Recém-lançado nos
Estados Unidos, o livro é uma visão do novo mundo da tecnologia.

O desenvolvimento consiste em um resumo com crítica aberta, em
que se apresentam as ideias principais do autor, concatenando-as e ordenando-as.
Sempre um parágrafo, ou uma frase, deve ser relacionado com o que vem antes e
depois. Como é um resumo com crítica, você, ao mesmo tempo em que resume a
obra, já vai expondo sua opinião, já vai emitindo seu julgamento, mostrando os
pontos falhos, destacando os pontos válidos, confirmando com exemplos de outros
autores os argumentos apresentados, apontando causas e efeitos concordantes e/ou
discordantes, comparando o livro em análise com outras obras lidas, com outros autores etc.
Usam-se principalmente adjetivos, substantivos e advérbios para expressar
a opinião do resenhador. Verbos que expressam o ato de falar, em suas várias
nuances, podem ser utilizados: afirmar, alertar, anunciar, apontar, citar, concordar,
considerar, declarar, destacar, dizer, esclarecer, explicar, expor, lembrar, mencionar,
propor, ressaltar, salientar. Dar preferência para o verbo no presente do indicativo.
Normalmente, quando se resenha uma obra cujo autor seja do gênero masculino,
usa-se o seu sobrenome para identificá-lo no decorrer da redação; quando for do
gênero feminino, usa-se o prenome da autora. Quando necessário, se for trabalho
de maior fôlego, poderão aparecer subtítulos, para melhor distribuir os assuntos na
sequência do texto, e também algumas citações diretas e indiretas, com as devidas
referências às fontes/autores citados.

Exemplo de parte de desenvolvimento da introdução da página anterior:

A ideia é poderosa e tem implicações profundas e imediatas para a indústria de
software e hardware, na qual prosperaram potências inquestionáveis como Microsoft
e IBM. No cenário delineado por Carr, ninguém mais precisará comprar um software
para ter em sua máquina o programa que deseja. Ele será um serviço disponível via
internet, pago em mensalidades ou até mesmo gratuito. Um dos exemplos disso é
[...]. “A internet tornou-se literalmente nosso computador. Os diferentes componentes
que costumavam estar isolados na caixa fechada de um computador podem ser
agora dispersos pelo mundo, integrados pela rede e compartilhados por todos” (p.
21), escreve o autor.
A narração fluente e didática de Carr, colaborador de publicações como o
jornal Financial Times e a revista Forbes, equilibra ideias e boas histórias. Uma das
mais atraentes é [...].
The Big Switch é menos polêmico que a obra de estréia de Carr, Does IT matter?
(“TI importa?”, em tradução livre), publicado em 2004. Na época do lançamento, Carr
causou furor ao argumentar que a tecnologia [...].
Em seu novo livro, não há nenhuma afirmação tão corajosa ou original. Carr, no
entanto, alfineta ícones da tecnologia. Ele dedica um capítulo inteiro, com o sugestivo
título “Adeus, Senhor Gates”, [...].
Composto de duas partes, o livro perde capacidade analítica e riqueza de
detalhes da primeira para a segunda. O leitor encontra na primeira etapa o ponto
alto da narrativa – uma consistente descrição sobre os paralelos históricos [...]. Na
segunda, embora haja uma descrição do que é viver na nuvem da internet, não

existem respostas ou reflexões claras sobre o impacto da era da computação como

Na conclusão, a qual, em alguns casos, já se vai misturando com os parágrafos
do desenvolvimento, o resenhador dá sua opinião pessoal para fazer o fechamento da crítica, ou seja, ao ler e analisar o livro, ele dispõe de um bom material. Seleciona-se
esse material para apresentá-lo na conclusão. O livro tem alguma validade para quem
lê-lo? Que tipo de validade? O que falta/sobra no livro? Há originalidade? A leitura
é agradável? O texto está bem escrito? A linguagem utilizada é acessível? Qual a
mensagem deixada pelo autor, ou o que fica com a leitura? Há vários aspectos, além
dos citados, que podem ser considerados na conclusão, devendo todos eles estar
inter-relacionados.

Exemplo de conclusão do desenvolvimento da página anterior, em que ela se
mistura ao próprio desenvolvimento:

A argumentação de Carr é, em alguns momentos, insuficiente para convencer o leitor,
por exemplo, da teoria de que mesmo empregos [...]. Ele insinua que os efeitos dessa
transição devem afetar inclusive profissionais que trabalham em áreas como finanças,
mídia e até saúde. [...] O que o livro não deixa dúvida é que, embora o amadurecimento
desse novo formato de computação talvez demore a acontecer, os primeiros passos
foram dados. E, para alguns, o barulho que eles já fazem é assustador.

Exemplo de resenha crítica, com subtítulos, sem citações diretas, referente a
um livro6:

O fenômeno da invenção amorosa na voz feminina
Heloisa Caldas
O livro Amor paixão feminina, de Malvine Zalcberg [Editora Campus, 256 p.,
R$ 39,90], destaca-se pela importância de seu tema. Afinal, desde os tempos mais
remotos, o amor interessa à humanidade. O banquete, de Platão, e A arte de amar, de
Ovídio, para citar apenas duas grandes obras da cultura ocidental, atestam isso. [...] Ela
sabe entrelaçar conceitos diversos, valendo-se, em especial, da psicanálise e da arte.
Seu texto é delicado, cuidadoso, preciso. Sustenta predominantemente a psicanálise e
atesta como esta se enriquece ao não prescindir da arte e da cultura.

Texto viril e feminino

Pode-se dizer que é um texto feminino. Não porque a autora é uma mulher, mas
pelo fato de ela escrever deixando lacunas à reflexão, espaços abertos à fecundação,
ao engendramento e à invenção. Contudo, é também um texto viril, se se levar em
conta a sustentação dos conceitos. [...] A autora o explica ao mesmo tempo que o faz.
Sua habilidade com a linguagem e o rumo claro da prosa tomam o leitor pela mão
e o conduzem, passo a passo, por uma teorização nada simples, nem fácil. O livro
ensina tanto o jovem que se aproxima do assunto, como o estudioso mais experiente.
Endereçar-se num mesmo texto a um público tão vasto não é comum. É preciso
dedicar-se com amor a essa tarefa de transmissão. [...]

Diferença radical

Quando se escolhe a psicanálise, escolhe-se uma teoria que introduz uma
diferença radical. Essa diferença se deve ao fato de a teoria psicanalítica não se
separar da experiência analítica. Assim – e este é um aspecto desenvolvido de forma
exemplar no livro – ainda que o amor nasça de um encontro fortuito, a forma como
se estabelece para cada sujeito é determinada por condições. O apaixonado tende a
pensar que o encontro lhe era destinado, estava de alguma forma escrito. Nisso, podese
dizer que ele tem alguma razão, pois, ainda que a pessoa amada não seja em si
predestinada, as condições para que ela tenha se tornado a pessoa amada obedecem
a uma necessidade lógica específica a cada amante. [...] Malvine nos mostra que o
amor é uma tentativa de construir, através da fala, uma solução aos impasses do ser.
[...]

Alegria infantil

Eis, então, a demonstração de Malvine Zalcberg: o feminino apela ao amor.
Uma demanda por algo valioso, devido a seu aspecto de imprevisibilidade, à alegria
infantil do novo, à renovação que torna as coisas cheias de vida, ao que transborda os
limites conhecidos e traz esperança de felicidade. [...]
Trata-se de uma leitura instigante recomendável a todos: seja o leitor iniciante
ou experiente nas coisas do amor; amante ou amado; parceiro ou companheiro; ficante,
rolo, caso ou namorado; romântico ou contemporâneo; crente de que o amor possa
ser eterno ou descartável; duradouro ou mutável; sólido ou fluído; quer ame alguém
em especial, quer ame de forma especial a alguém; quer vise a pessoa amada como
complemento de seu ser, quer a tenha como companhia transitória ao longo de seu
viver.